quarta-feira, 30 de abril de 2014

RETRATOS DE BAURU (156)


EMILIANO É O ARTISTA MAIS (IN)COMPLETO DE TODA BAURU
Tem pessoas que são iluminadas assim por nada, não precisam fazer força nenhuma, mas a luz própria irradia de forma candente por tudo quanto é lado e jeito. Quando essas pessoas, mesmo com esse surreal dom, não o utilizam para ficar se vangloriando em gratuitas exibições e agem no decorrer de suas vidas com uma naturalidade sui generis, essas são ainda mais iluminadas. Poucos são assim e hoje, aqui e agora, o que fui coletando de um privilegiado no quesito bonança, perseverança, criatividade e profissionalismo.

JORGE ROBERTO EMILIANO, ou só Emiliano, ou como alguns diletos amigos o chamam, Baiano, essa singular pessoa, 56 anos no lombo, um brilhante artista, grande figura humana, nascido em Araçatuba, porém com sua vida toda construída por aqui é mais do que especial. Percebam na diversidade do que faz, verdadeiro coringa, arteiro da arte. Completo é pouco para definir essa generosa pessoa. Diria quase completo, pois a cada dia busca um algo novo e as novidades pululam dentro de si. Trabalha em várias frentes, ora com as mãos sujas de barro, ora empunhando um soldador, cabeça girando nos180º, antenado com tudo à sua volta, alucinado pelo que faz, dedicação total, sem nunca perder a fleuma e a ternura. Vive lá no seu refinado canto na vila Giunta, junto da Lila e de três filhas, no ateliê mais paparicado da cidade. Conhece fundição em bronze, soldas, monotipias, trabalhos em gesso, quadros, esculturas, um original outsider, desses fora dos grandes salões, porém cheio de fiéis clientes. “O processo criativo dele é muito particular, aliás, semelhante ao meu, não acreditamos muito em inspiração. Somos mais técnicos Vamos e fazemos movidos pela necessidade, lembro que nos anos 90, crise econômica braba, éramos os únicos artistas pobres da Cia de Artistas, um grupo de artistas contemporâneos que chacoalhou a arte da cidade. Às vezes, pintávamos quadros de flores bem bregas, com nomes meio diferentes e vendíamos em uma molduraria que havia na 1º de agosto, pegávamos a grana, separávamos uma parte para o supermercado e enchíamos a cara com o troco...”, revela o amigo Silvio Selva. Silvio diz mais: “Ah e foi o Baiano que um dia me disse: ‘suas mãos não tremem, você não pode fazer esculturas, você DEVE fazer esculturas"’ e foi assim que comecei a fazer esculturas...”. Outro muito importante na carreira de Emiliano é o industrial Zé Canella, lembrado por uma frase recolhida assim ao léu, dita tempos atrás e expressando bem o que vem a ser esse emiliano jeito de tocar sua vida: “Puta artista modernoso, sô!”. É que ele pinta e borda.

Explicando: “A Cia de Artistas foi fundada por Ivelize de Agostinho, Yara Martini, Gisele Aidar, Walter Mortari, Emiliano e Carlos Fernandes. Depois da experiência da Galeria Grafitti que era da Yara. Ficava ali, logo atrás do cemitério da saudade, um enorme galpão. Eu entrei quase no final dela. Um sonho que virou fantasia...”, revela Silvio Selva.

OBS.: Esse texto sai também hoje no meu facebook com PERSONAGENS SEM CARIMBO nº 425. Todas as fotos abaixo foram gileteadas do facebook do Emiliano, variados fotógrafos, nem todos identificados, todos admiradores do artista.

terça-feira, 29 de abril de 2014

PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (73)


PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI E NÃO ADERI AO TEMA DO RACISMO E DAS BANANAS 
ENFIM, TEMOS QUE SER CONTRA TODO TIPO DE PRECONCEITO E BESTIALIDADES, ESSA SÓ UMA DELAS. E DO ÓDIO REINANTE AQUI NO FACEBOOK, DEVEMOS FICAR CALADOS E VER A INIQUIDADE TOMAR CONTA DE TUDO?
Reproduzo abaixo trechos de um texto que acabo de ler, o "Déficit da Civilização", do economista Luiz Gonzaga Belluzzo: "Quase sempre, os ululantes retrucam com as armas do preconceito, da intolerância e da apologia da violência, seja ela física, seja ela moral. Entre as vítimas, sucumbe a última flor do Lácio, inculta e bela. (...) Fico a imaginar como seria a vida dos humanos direitos na moderna sociedade capitalista de massas, crivada de conflitos e contradições, sem as instituições que garantam os direitos civis, sociais e econômicos conquistados a duras penas. (...) A operação impessoal das forças econômicas produziu, em simultâneo, o declínio do homem público e a ascensão do homem massa, cuja principal característica não é a brutalidade ou a rudeza, mas o seu isolamento e a sua falta de relações sociais normais. (...) O único remédio contra o mau uso do poder público pelos indivíduos privados está na constituição de um espaço público capaz de avaliar os procedimentos de cada cidadão, submetendo todos os indivíduos à visibilidade. Quando as opiniões são bloqueadas pela intimidação e desqualificação sistemáticas, a meritocracia das ideias sofre um grave dano e o democrático escapa às normas da razão e pode ser manipulado".

Estejamos sempre atentos, olhando para todos os lados. O ódio atira de tudo quanto é lado e se nada fizermos irão ocupando cada vez mais espaço.

UM EXEMPLO DO QUE OS CARAS PUBLICAM: "Esse é a cara da esquerda caviar do Brasil... no Brasil tudo vira palhaçada ... kkkkkk
POR QUE NÃO CUBA, CHICO? Deu na coluna de Ancelmo Gois no GLOBO hoje:
Tudo certo, o homem é livre, rico, vai para onde quiser. Mas fico só com uma pergunta entalada na garganta: por que não Cuba, Chico? Nunca vejo o compositor escolher aquele “paraíso” socialista para curtir suas férias ou buscar inspiração para seus livros. Nem ao menos uma visita rapidinha ali na Venezuela. Por que será? Rodrigo Constantino
http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/socialismo/por-que-nao-cuba-chico/#.U11msSqIB0Z.facebook

ESSE O POST E AGORA ALGUNS DOS COMENTÁRIOS: "1) Chico fez propaganda para o PT em troca de emprego p sua irmã.... bom compositor... mas tb um homem vendido ... esquerdista p conseguir simpatia de trouxas. Devia mandar ele p cortar cana em Cuba.... ver a merda q ele defende e 2) ...os marinheiros de antigamente eram enganados pelo canto das sereias, que levavam as naus aos rochedos..."esse cara tem me consumido" enganou as mulheres, com veneno sedutor...ilusionista ! ...enquanto as mulheres de Atenas eram felizes, sim ! Fomentou o femininismo no Brasil!"

Dá para sequer conversar com alguém nesse nível???

segunda-feira, 28 de abril de 2014

PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (85)


VARELA NADARIA DE BRAÇADA: FUNPREV, GREVE ONIBUS E FANFARRONICE DE DEPUTADO
Aqui por Bauru, infelizmente, Ernesto Varela não fez escola, pois deixar poderosos em estado de pressão é algo que não ocorre via mídia. Vejo o governador Alckmin indo e voltando (programinha gravado toda semana na rádio), mas nunca ninguém da mídia local lhe fez uma perguntinha sequer sobre os escândalos do metrô (muito maiores que os do dito mensalão petista). Tratam-no como se nada fosse com ele e seus amigos íntimos. O mesmo ocorre para o sr Skaf, da FIESP e também para o deputado Campo Machado, PTB quando aqui aportou. Já se o candidato do PT ao governo do Estado, Alexandre Padilha passar de novo por aqui é bem provável que terá perguntas sobre proximidades com doleiros feitas pelos tais locais. Ernesto Varela revira-se no túmulo, pois como é sabido, está morto e enterrado.

Para começar bem a semana, três questionamentos que Varela certamente faria hoje, uma segunda, final de abril:

QUESTIONAMENTO 1 – O CASO FUNPREV – Ouço um vereador dando entrevista para rádio local, no caso o líder do atual governo e ali tece sua denotada preocupação pelo que ocorreu na Funprev, uma Fundação com muito dinheiro em caixa (a caixa previdenciária dos funcionários públicos da Prefeitura) e uma provável ação de investimentos mal sucedida. Em primeiro lugar, se faz necessário comparar com tudo o que ocorreu no país no mesmo período. Depois, o mais importante não vejo ninguém afirmar da ocorrência de nenhum desvio. Ótimo isso, o dinheiro está intacto e assim deve permanecer, principalmente da mão de gente que o possa manipular ao bel prazer. A questão que ainda não foi levantada é uma só e VARELA a faria: “Srs vereadores e Bauru num todo, não queiram simplesmente destituir a atual direção da fundação e colocar em seu lugar gente de confiança de grupos de forças vivas, vereadores, políticos e financistas sem compromisso com a causa, pois isso sim seria o caos para a mesma. Filtrar todos os interesses em jogo, o que querem uns e outros com a retirada de um grupo e a colocação de outro é algo pouco observado. Fiquemos mais do que atentos, pois muitos estão de olho na bufunfa lá guardada”.

QUESTIONAMENTO 2 – GREVE NO TRANSPORTE URBANO – Foi comunicado que os funcionários do transporte coletivo de Bauru estariam propondo paralisação relâmpago para hoje, não somente por questões trabalhistas, mas principalmente por causa de uma provável desfiliação do funcionário Valter Dutra, um que comandou a greve da categoria a revelia do seu sindicato (inoperante, diga-se de passagem). Ouço uma barbaridade no Informa Som, da 94FM hoje pela manhã da boca do aniversariante Reinaldo Cafeo: “Por causa de um único trabalhador fazer uma paralisação dessa magnitude. Alguém tem que tomar uma atitude”. Comparando uma coisa com a outra, VARELA iria no ponto nevrálgico disso tudo e questionaria a todos da seguinte forma: “Pera lá, nítido que a desfiliação do Valter parece ter a função de deixa-lo desprovido de sindicalização, para num próximo ato isolá-lo e na sequência meter-lhe um sonoro pé na bunda. Lindo seus colegas o protegerem e horroroso a atitude que poucos estão tendo de enxergar essa manobra para coloca-lo no olho da rua e fazer tudo voltar à normalidade (sic) nas relações entre sindicato e patrões”.

QUESTIONAMENTO 3 – FANFARRONICE EXPLÍCITA - O deputado Pedro Tobias – PSDB publicou missiva ontem no JC, tendo por título “Em defesa da ética e da seriedade” (link a seguir:http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=233883). Ali diz defender a política séria, chama Alexandre Padilha, concorrente ao governo do Estado pelo PT de fanfarrão, diz que Alckmin “não possui sua vida pública colocada em xeque em razões de suspeitas gravíssimas”, cutuca o oponente por “tantas denúncias de corrupção no governo que ele faz parte” e fecha tudo com mais uma pérola também do oponente: “sua maior obra foi quebrar todas as Santas Casas”. Qualquer pessoa sensata revira-se toda de um lado para outra diante de seguidas maledicências, onde sequer toca em algo muito parecido ocorrendo dentro de suas hostes, bem visíveis para o dito atento deputado, mas fazendo vistas grossas sobre as mesmas. O intrépido VARELA o desmontaria com algo bem simples: “Nobre deputado, quem possui telhado de vidro bem fininho não pode querer acusar outrem. Veja só, corrupção por corrupção, o montante do desviado só das obras do metrô pelos capôs do PSDB suplanta qualquer mensalão de outras siglas. Vida pública em xeque deveria ter não só o governador, mas aqui mesmo em Bauru todos os que afundaram nossa similar a Santa Casa (dito Hospital de Base), como os que pouco fizeram para ajudar na fiscalização do dinheiro público e sua boa utilização. Tudo que aqui ocorreu, só para não nos esquecermos, foi por pessoas indicadas e lá colocadas pelo senhor. Fanfarronice por fanfarronice acredito que ela ocorre também de sua parte. Está brincando com a gente, né? Seu artigo deveria estar na página de humor do jornal não na dos leitores”.

domingo, 27 de abril de 2014

UMA MÚSICA (106)


AMIGO NÃO QUER APUNHALAR UM AO OUTRO E SIM ANDAR JUNTOS

Amigo de verdade não faz intriga um com o outro, muito menos quer ocupar o lugar do outro. Essas coisas de inveja, malversações, dissidências, ressonâncias e desagravos não é coisa muito fácil de ocorrer entre gente que tem o pensamento e a ação na mesma sintonia. O mais fácil de ocorrer é gente de fora querer botar uma água diferente na fervura, para provocar algo inexistente, uma intriga qualquer a provocar um desentendimento. Escrevo isso por causa do que vejo gente maledicente querer provocar no relacionamento entre o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma. O que menos eles discutem numa hora como essa é a possibilidade dela renunciar a oportunidade de concorrer à reeleição e Lula seguir em campanha, mas tem quem provoque isso, talvez por desespero de causa. Pensando nisso revejo algumas das ações de alguns diletos amigos, desses onde todos caminhamos sempre juntos, um junto do outro e esse negócio de rivalizar com o outro é algo impensável.

AMIGO 1 – Como é gratificante ir trombando com alguém como a Maria Inês Faneco por aí. Ela é uma das pessoas mais autênticas que conheço, possui algo só seu, um jeito bem peculiar de tocar sua vida, enfrenta uma tourada inteira no seu dia a dia, quando pega seu carrinho de pipoca e o leva para os mais diferentes lugares nessa cidade, vendendo seu peixe (ou melhor, sua pipoca), sem medo de ser feliz. Ontem, sábado, alguém tirou uma linda foto dela no meio da avenida Getúlio Vargas, no exato momento em que acontecia ali nas barrancas do terreno do Aeroclube um torneio de vôlei ode praia patrocinado pelo BB. A região fervilhava de gente e quando isso ocorre, lá está Faneco e sua trupe, antenada com suas possibilidades de ganhar algum a mais. Quando amigos dessa singular pessoa vão querer fazer algo para disputar espaço com ela? Nunca.

AMIGO 2 – Ali na Duque de Caxias por esses dias não tem para mais ninguém, quem conquistou uma dileta clientela foi mesmo o Cláudio Mangili e seu filho Gustavo, que juntos tocam a hoje mais famosa banca de revistas e jornais do pedaço, quase no cruzamento com a Gustavo Maciel. O movimento é por causa da venda de figurinhas da Copa do Mundo, quando ele, após camelar bastante durante bom tempo sem muita bonança, conseguiu algo inusitado, ou seja, conquistou junto à clientela arregimentar ali na calçada defronte seu estabelecimento a maior quantidade de gente trocando figurinhas em toda Bauru. Vem gente da cidade toda para fazer negócio ali defronte sua banca e no toldo do lado, o de uma farmácia recentemente fechada. Cláudio tem trabalhado todo santo dia das 7h30 até por volta das 22h. Ele é muito gente fina, quietão e desses que ninguém vai querer passar a perna e disputar espaço com ele? Nunca.

AMIGO 3 – Tem gente que trabalha adoidado e ainda encontra tempo para ser Louco por Alegria, esse o caso de uma abnegada pessoa como a Rose Barrenha, servidora pública municipal, hoje lotada na Secretaria de Cultura, fazendo acontecer por onde passe. Ontem junto de amigos e da neta foram até uma Casa de Idosos e deram um show, verdadeiro espetáculo brincante, onde ambas pintadas e rebuscadas, verdadeiros clows, levaram alegria para que mais precise de atenção, os nossos velhinhos clamando pela nossa (encontramos para tanta coisa, por que não para eles?). Gente como Rose não é fácil de ser encontrada em cada esquina, gente que para tudo o que está fazendo e parte para fazer algo pelo próximo, não esperando nada em troca, a não ser um abraço apertado de gente do lado de lá. Tem quem não entenda isso que ela faz, não seus verdadeiros amigos, esses que a apoiam em tudo e nunca vão querer se confrontar com nada que ela faça. Nunca.

Querer desestabilizar amizades é algo muito feio, tarefa de gente maldosa. Tentem outros meios (principalmente com Lula e Dilma, existem tantos outros, afinal trapalhadas existem por aí aos borbotões, mas justo nesse quesito não discordam, são fiéis um com o outro), esse não cola. Impossível não lembrar que em caso de amizade, futricas são o que menos vinga, como Milton Nascimento lindamente cantou lá atrás em “Canção da América”:https://www.youtube.com/watch?v=OlcQE4NeXow


E vamos domingar...

sábado, 26 de abril de 2014

PALANQUE – USE SEU MEGAFONE (56)


MEU EX-CUNHADO (sic) ME FAZ HOMENAGEAR O MST E A LUTA CAMPONESA
Oswaldo tomando suco de laranja

OSWALDO LUIZ OLIVEIRA é meu ex-cunhado (ex-cunhado dizem que é cunhado para sempre), foi casado com minha mana Helena, eletricitário aposentado e pai dos meus dois queridos sobrinhos, o Marcos e o João. Foi por anos um dos melhores interpretes de samba na cidade, nome feito na Mocidade Independente de Vila Falcão. Bebia um bocado, mas quando viu a viola em caco, deu aquele breque e hoje bebe só água e sucos (a prova está aí ao lado). Mas não ficou xarope, ficou um cara legal, mora sozinho lá na sua vila Falcão (quem mora lá se acha meio dono dela) e desde ontem está me perguntando se podia me enviar um texto sobre a formação do MST. Disse que sim. Pois, Oswaldo leu o tal no Almanaque Santo Antonio (Agenda MST), publicado em 1997, sentou defronte seu computador e batucou ele inteiro para mim, letra por letra. Depois de tanto esforço, tenho que reproduzi-lo aqui e o faço por um simples motivo. Quando me passa um texto assim, primeiro leu e deve ter gostado, depois demonstra algo muito legal, entender muito bem qual o verdadeiro papel do MST dentro do país e não fica reproduzindo baboseiras sem sentido, coisa de preconceituosos, reprodutores de inverdades e espalhadores de falácias mentirosas. Na verdade, esse texto também sai aqui hoje por outro motivo, em justa homenagem ao Dia Internacional de Luta Camponesa comemorado semana passada. Taí o tal do texto:

ELEMENTOS DA HISTÓRIA DO M.S.T.
Origem: O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra- MST – nasceu das lutas concretas que os trabalhadores rurais foram desenvolvendo de forma isolada, na região Sul, pela conquista da terra, no final da década de 70. O Brasil vivia a abertura política, pós-regime militar. O capitalismo nacional não conseguia mais aliviar as contradições existentes no avanço em direção ao campo. A concentração da terra, a expulsão dos pobres da área rural e a modernização da agricultura persistiam, enquanto o êxodo para a cidade e a política de colonização entravam em aguda crise. Nesse contexto surgem várias lutas concretas que, aos poucos, se articulam. Dessa articulação se delineia e se estrutura o Movimento Sem Terra, tendo como matriz o acampamento da Encruzilhada Natalino, em Ronda Alta-RS, e o Movimento dos Agricultores Sem Terra do Oeste do Paraná(Mastro).

Objetivos: O MST visa três grandes objetivos: a terra, a reforma agrária e uma sociedade mais justa. Quer a expropriação das grandes áreas nas mãos de multinacionais, o fim dos latifúndios improdutivos, com a definição de uma área máxima de hectares para a propriedade rural. É contra os projetos de colonização, que resultaram em fracasso nos últimos trinta anos e quer uma política agrícola, voltada para o pequeno produtor. O MST defende autonomia para as áreas indígenas e é contra a revisão da terra desses povos, ameaçados pelos latifundiários. Visa a democratização da água nas áreas de irrigação do Nordeste, assegurando a manutenção dos agricultores na própria região. Entre outras propostas, o MST luta pela punição de assassinos de trabalhadores rurais e defende a cobrança do pagamento do Imposto Territorial Rural(ITR), com a destinação dos tributos à reforma agrária.

Antecedentes Históricos: O MST não é algo novo na história do Brasil. É a continuidade das lutas camponesas, em uma nova fase. Durante a Colônia(até o final de 1800), os índios e negros protagonizavam essa luta, defendendo territórios invadidos pelos Bandeirantes e Colonizadores, ou unindo a luta pela liberdade com a da terra própria e construindo os Quilombos. No final do século XIX e início do nosso século, surgiram movimentos camponeses messiânicos, que seguia um líder carismático. São exemplares os movimentos de Canudos, com Antonio Conselheiro; do Contestado, com o Monge José Maria; o Cangaço, com Lampião, e diversas lutas regionalizadas.

Nas décadas de 30 e 40 ocorreram conflitos violentos, em diversas regiões, com posseiros defendendo suas áreas, individualmente, com armas nas mãos. Entre 1950 e 1964, o movimento camponês organizou-se enquanto classe, surgindo as Ligas Camponesas, a União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil (ULTABs) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (Master). Esses movimentos foram esmagados pela ditadura militar, após 1964, e seus líderes foram assassinados, presos ou exilados. O Latifúndio derrotou a Reforma Agrária. Mas entre 1979 e 1980, no bojo da luta pela redemocratização, surge uma nova forma de pressão dos camponeses: as ocupações organizadas por dezenas ou centenas de famílias. No início de 1984, os participantes dessas ocupações realizaram o primeiro encontro, dando nome e articulação própria ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra(MST).

Estrutura: o MST está organizado em 22 estados da Federação. Em 12 anos de existência, quase 140 mil famílias já conquistaram terra. Grande parte dos assentados se organiza em torno de cooperativas de produção, que já somam 55 associadas às centrais ligadas à Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil(Concrab). A elevação da renda das famílias assentadas é realidade em muitos dos assentamentos, principalmente onde as agroindústrias são desenvolvidas. Pesquisa da FAO comprova que a média da renda nos assentamentos é de 3,7 Salários Mínimos Mensais por família. Onde as agroindústrias estão implantadas essa média sobe para 5,6 Salários mensais para famílias. Alem da preocupação com o aumento do poder aquisitivo, o MST investe na formação técnica e política dos assentados. O setor de educação é um dos mais atuantes, propondo ampliar o conceito de educação, para não ser sinônimo apenas de escolaridade. São mais de 38 mil estudantes e cerca de 1500 professores diretamente envolvidos neste projeto de uma nova educação, pela Unicef. Além dos cursos regulares, o MST promove cursos e atividades de capacitação beneficiando cerca de três mil pessoas todo ano. Entre estes cursos estão o de Magistério e o Técnico em Administração de Cooperativas, em nível de segundo grau.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (58)


MEU PAI HELENO AOS 85, QUASE 86 E O “É MUITO”

Para os que não sabem vivo entre duas casas, uma a do meu pai, seu Heleno, a completar 86 em agosto próximo, morador das barrancas do rio Bauru. Aqui passo a maior parte do dia (montei meu mafuá por aqui), chego por volta das 8h e só bato asas depois das 19 ou 20h, quando retorno para o apartamento da Ana, onde jantamos, papeamos até cansar e dormimos como dois anjinhos (que somos). Acordo e nem café tomo com a Ana, volto para meu pai. Durante o dia fico nesse vai e vem, um pouco lá, outro tanto aqui, tudo junto e misturado. Um jeito gostoso de não encher muito a paciência, nem da Ana nem dele. Sou um homem dividido entre dois lares. Hoje queria muito escrever dele e ao bisbilhotar algo na internet descobri um lindo texto de um antigo conhecido, o carioca Eduardo Goldenberg, que publica um blog dos mais saborosos, o Buteco do Edu (www.butecodoedu.wordpress.com) e lá revela um algo mais do seu pai (o dele com 70 anos). Sei que ele não vai ficar chateado comigo se reproduzir parte do que escreveu citando a fonte. É o que faço. Leiam a seguir:

“AS FRASES DE MEU PAI
Quem me lê sabe que meu pai é uma de minhas obsessões (e cada vez mais, cada vez mais!). As frases de meu pai são um bom exemplo do quanto ele é, do alto de seus recém-completados 70 anos, um sujeito que me toma a atenção.
De uns meses pra cá – eis o mote que me move hoje – papai incorporou mais uma frase para seu repertório. Você o encontrará e o convidará para jantar, eis a situação-exemplo. Ele dirá, no ato:
- Eu não janto. Eu só belisco.
E isso é dito como um mantra. E vez por outra, pobre mamãe, ele dá de cutucar minha mãe exigindo o testemunho:
- Hein, Pixuxa? Eu janto? Eu janto?
Mamãe bufa e faz que não com a cabeça. Daí ele emenda:
- Viu? Eu só belisco.
Deu-se então que no sábado passado, por uma dessas coincidências da vida, fui ao teatro com a Morena para ver “Elis, a musical”, no Teatro Casagrande. E lá, na fila, encontramos papai e mamãe. Foi um efusivo encontro (meu irmão caçula estava com eles) até que eu sugeri:
- Depois da peça, vamos jantar?
Mamãe fez que sim, Cristiano disse “claro” mas meu pai começou a sapatear na Afrânio de Melo Franco:
- Eu não janto, eu só belisco.
Mamãe lançou-lhe um olhar de reprimenda, papai bufou e disse:
- Não tem problema, eu fico olhando vocês comerem! – notem a categoria.
Deu-se uma pequena bulha e o Cristiano propôs, para acalmar os ânimos:
- Então não vamos jantar… vamos só comer uma pizza.
E meu pai, inovando sobre o mesmo tema:
- Eu não como à noite, eu só belisco. Vou comer só uma fatia. Só uma! Uma, uma, uma!
Terminada a peça, tomamos o rumo da pizzaria.
E eu tive a impressão de que meu pai, azul-de-fome, cravava os olhos cheios d´água nas pizzas alheias, tamanha a vontade de comer as maravilhas que chegavam à mesa. Mas diante de sua rigidez e de seu caráter implacável, gania com o prato vazio depois de comer sua única fatia, mesmo mamãe perguntando se ele queria mais (era evidente que queria):
- Não, Pixuxa. Eu não janto. Eu só belisco.
Era o que eu queria lhes contar hoje.
Até”.
Pois bem, essa a história do Edu com uma peculiar frase do seu pai. Eu também tenho a minha. Tenho por hábito levá-lo para almoçar fora todo sábado e domingo. Quando no restaurante ele não monta mais o seu prato, pois todo diabético é meio descontrolado e enche o prato até as tampas (“só uma provadica”, diz). Prato feito por mim ou pela Ana (mana Helena quando conosco toma sempre a dianteira) e quando diante dele solta a frase:
- É muito!
Reclama, mas quando ele e o prato come tudo e nada sobra. Sempre assim. Rimos muito, sem ele saber, claro e a cena se repete em cada novo almoço, mesmo quando colocamos outro dia uma merreca de comida (de brincadeira, claro) e ele: “É muito!”. Como o pai do Edu solta um “eu só belisco”, o meu profere um “é muito” e assim continuamos amando muito esses nossos velhinhos admiráveis, cada um a seu jeito e modo. Que gostoso poder contar isso dele.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

DICAS (120)


BANNERS DE EVENTOS ONDE QUERO MARCAR PRESENÇA
Deixem esse marmanjo festar um pouco hoje ressaltando das virtudes de botar o bloco na rua e sair por aí revendo lugares, pessoas, continuando conversas interrompidas, iniciando outras e assim por diante. Numero alguns desses saborosos lugares onde PRETENDO estar:


BANNER 1 - Sarau Memória e Verdade – “O universo da subversividade cultural 50 anos do golpe militar e o impacto na Cultura - A censura oficial existia no Brasil desde 1934, decretada por Getúlio Vargas, mas seu período mais atuante começou com a ditadura de 1964 e a criação da Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP), queteve mais força depois do AI-5 entrar em vigor. O órgão que chegou a examinar sessenta mil músicas tinha sede em Brasília. As grandes gravadoras tinham advogados contratados só para lidar com os censores, policiais federais deslocados de outras funções sem o menor preparo para a compreensão de obras artísticas. A censura foi abolida no Brasil em 1988. O sarau trará uma programação cultural extensa que em breve será divulgada, relembrando músicas, novelas, livros e tantas outras produções significantes no período da ditadura”, trecho de release recebido. Dia 26/04 ocorre o evento “Nos porões do Museu da Imagem e Som de Bauru”, começando tudo por volta das 16h e prosseguindo até os vizinhos chamarem a polícia. A realização é da Secretaria Municipal de Cultura e do Observatório de Educação em Direitos Humanos - OEDH.

BANNER 2 – “O MUSEU ESTÁ EM FESTA! - No dia 26 de abril das 9h às 11h o Museu Ferroviário comemora o Dia do Ferroviário quando acontece a intervenção artística: “Mata Misteriosa”, com a Giralua Companhia de Artes. Na intervenção bonecos em tamanho natural, um índio gigante de 3 metros, com a atuação dos atores Alessandro Brandão, Val de Castro, João Lucas Folcato e da musicista Marcela Fernandes, com participação de Ton Peres e Thiago Duarte na manipulação do boneco gigante. A ação arte educativa integra o Projeto Memórias da Ferrovia em Bauru, aprovado pelo ProAc - Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura — em foto de Liene Saddi com Alessandro Brandão manipulando o boneco de Azarias Leite”, recebo isso da colaboracionista Cláudia Pinto, entusiasta das coisas do Museu Ferroviário, assim como minha pessoa. Por quatro anos estive atuando lado a lado com esse museu e as recordações do trabalho lá desenvolvido me serão gratas para o resto da vida. Boas lembranças de comemorações feitas nesse período para reverenciar a mesma data. Passo por lá e me emociono.

BANNER 3 – A 14ª Feira do Livro Infantil de Bauru, bela iniciativa da Secretaria municipal de Cultura já começou dias atrás e vai se estender até o dia 30, na véspera do feriado. A coisa mais bonita nesse evento é você ir observando a reação das crianças diante dos livros lá expostos em vários estandes, com preços a partir de R$ 0,50 (isso mesmo cinquenta centavos). O negócio é tão gratificante que até o espaço para os expositores é cedido de forma gratuita, ou seja, quem vai lá vender livros e peças literárias não pagam nada pelo espaço. E a chegada de ônibus cheios de todas as escolas é algo para ir se encantando aos poucos. Hoje vi uma de Cabrália Paulista e quando vi a criançada no meio daquilo tudo, esqueci tudo o mais que estava fazendo por ali. Fora isso, claro, tem uma extensa programação com muitas peças, lançamentos de livros, palestras e encontros literários. Tudo instigante e merecendo a atenção de quem gosta de literatura.

BANNER 4 – Domingo, dia 27/04 a partir das 12h tem inicia a 1ª Feijoada de São Jorge, uma iniciativa criada em primeiro lugar para reverenciar o Dia de São Jorge, comemorado no meio da semana e como está escrito lá no cartaz “encerrando as festividades do mês do Santo Guerreiro das religiões afro-brasileiras”. Quem está divulgando esse evento há mais de um mês é a guerreira Joelma Moura, que lá estará se apresentando com o seu belo grupo de samba de terreiro (posso chamá-los assim?), o Balaio de Sinhá, que canta e encanta quem tem o prazer de assisti-los. Um primor de samba, com todos eles de branco e ainda nesse dia com um algo mais, a participação mais que especial do Quarteto a Vera. O local será lá no Aldeia Bar, lá pra cima da Bernardino, encostado no Pátio dos veículos apreendidos, que todo mundo um dia na vida já lá compareceu para cuidar da liberação de algum enrosco com seu meio de locomoção. O local é amplo e a feijoada deve ser daquelas que minha diabetes ficará me causando problemas no resto da semana, mas não tenho como dizer não para isso tudo que vai estar reunido por aquelas bandas.

BANNER 5 – Por fim quero escrever um bocadinho sobre o evento do 1º de Maio, que todo ano a CUT Bauru promove em Bauru. Fico sabendo que a Regional Bauru é uma das únicas que faz isso no interior paulista, ou seja, promove um belo evento, esse culminando com grandes shows ocorrendo num palco montado no Parque Vitória Régia. Além de uma extensa programação que terá entre outros shows de samba de roda com o Quintal do Brás e com o violeiro estradeiro Josiel Rusmont, a grande atração será a escolha do show de encerramento com nada menos do que um trio de ferro do rock nacional: “Geração Rock 80 com Kiko Zambianchi, Nazi e Marcelo Nova”. Se esses dinossauros do rock nacional já são bons demais separados, imaginem tudo junto e misturado. Esse ocorre no palco principal e deverá começar por volta das 19h30. O evento não é festivo, pois a causa do trabalhador é de luta, reivindicação e muita discussão, daí a cada ano um tema novo por detrás disso tudo. No desse ano “Comunicação: O Desafio do Século”, onde a CUT promove a discussão sobre a forma como a informação nos é transmitida pela mídia e apresenta a sua proposta de como deveria ser. Vale a pena não comparecer somente aos shows, mas entender o que está por detrás e sendo discutido no entorno disso.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (79)


NÃO PRECISA SER BERNE PARA SABER – PARA RAUL, MÉDICO VEREADOR DIRETOR EMPRESÁRIO
O vereador RAUL GONÇALVES DE PAULA – PV BAURU gosta demais da conta de estar nas paradas de sucesso, mais pelas posições um tanto conservadoras, do que por qualquer outra coisa. É dele a famosa frase, “médico não trabalha por mixaria, quem trabalha assim é médico cubano”. Sendo médico, um dos três da edilidade bauruense, proferiu isso meio que na contramão de aceitar a chegada dos médicos cubanos para tentarem botar um fim na barafunda da saúde pública brasileira, onde os médicos tupiniquins fazem e acontecem, tudo ao seu bel prazer. Foi o mote para o bloco carnavalesco Bauru Sem Tomate é Mixto desfilar esse ano com a marchinha tendo por título “Bauru, cidade sem Mixaria”. Entrevistado ele afirmou ter gostado da lembrança para a festa.

Na edição de abril do jornal mensal Metrópole News (edição nº 10) por presidir a Beneficência Portuguesa de Bauru, um hospital particular e mesmo com uma grave denúncia não ter se pronunciado a respeito, nem para desmentir, muito menos para confirmar (a edição saiu por volta de 15/04) poderia ter sido novamente lembrado. Está escrito no jornal: “Sangue doado é cobrado pelo Hospital Beneficência Portuguesa – Quando pessoas solidárias doam sangue, elas logo imaginam que os pacientes que precisam serão contemplados e beneficiados. Pelo menos era isso que era passado para a sociedade e para centenas de doadores voluntários, mas não é bem assim”. Pedro Valentim, no texto mensal d’O Malagueta, descreve na edição todo o desenrolar de uma cobrança efetuada pelo citado hospital presidido pelo vereador, afinal é seu mandatário maior. “E a população não é informada quando vai doar que seu sangue será cobrado dos pacientes que irão usá-lo nos Hospitais Particulares”, consta de um trecho do artigo. Cobrança a ele reconfirmada nesta data e oportunidade.

E por fim, mais uma declaração do mesmo médico vereador onde demonstra seu quase total desconhecimento da questão do Patrimônio Público e do que venha a ser os tombamentos de imóveis com importância histórica em uma cidade. Vejam só o teor da nota do Entrelinhas do JC, edição de 15/04: “REAÇÕES – RGP (PV) mandou um recado da tribuna: ‘Não me pressiona que eu não sou berne!’. Foi a forma encontrada para responder às críticas por ter apresentado emenda que isenta de IPTU os imóveis tombados, sendo que é diretor da Beneficência Portuguesa, cujas características da fachada precisam ser preservadas. ‘Quem quer ter um imóvel tombado hoje? Nem mesmo os seguros os querem’, justifica”.

Não se faz necessário ser BERNE para ter um mínimo de conhecimento e sensibilidade com a questão patrimonial no Brasil. Muitos por aqui possuem o pensamento de que é mesmo belo ver um imóvel tombado lá na Itália, todos muito bem cuidados, mas por aqui, ainda mais na minha casa, de jeito nenhum. Tacanha forma de enxergar a questão. Não posso acreditar que essa seja a dele, mas pela demonstração dada, beira a isso. Esperei exatos dez dias para escrever isso, pois esperava uma reação do pessoal do CODEPAC. Como não veio, demonstrando uma inexplicável indiferença, deixo a minha conclusão entre aspas: “O dono de imóvel tombado no Brasil desconhece dos benefícios que pode vir a ter nessa situação. Acha que só tem prejuízos, por desconhecer o outro lado da moeda. O Codepac deveria se pronunciar e montar a partir de uma declaração desse naipe uma Oficina ou Evento Esclarecedor para os donos de imóveis e legisladores do assunto, mostrando quais as alternativas possíveis e até lucrativas dessa situação. Tudo hoje passa por um quase total desconhecimento, principalmente daqueles esperando que tudo lhes caia do céu como maná. Feito isso, com certeza, o vereador diretor médico teria proferido frase menos bernenta, pelo menos nesse quesito. Para os demais, também muito recomendável, deixo uma singela dica desse mafuento escrevinhador: Proceda uma imediata reciclagem ou talvez uma aspirada em falas cobertas de pura e autêntica teia de aranha”.

Por fim, a frase proferida pelo vereador ficaria melhor se dita assim: “NÃO ME PRESSIONA SENÃO EU VOU PRA BERN, NA SUIÇA”. Aí sim e lá teria bons exemplos de imóveis tombados e devidamente preservados.
OBS.: Na ilustração um trabalho infantil sobre BERNE e na última foto, imagem aérea de BERN, a cidade suiça.

terça-feira, 22 de abril de 2014

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (45)


PEDERNEIRAS E A CHEGADA DE QUATRO MÉDICAS CUBANAS

Dia amanhece com muita chuva pelos lados de Bauru e ao abrir meu facebook, eis uma mensagem de alento para tudo o que virá pela frente. “Que nasci logo após a guerra, mas fui criado no front, as batalhas se sucedem e é de cara com o inimigo que vou tentando a sobrevivência, sobrevivo a ataques de armas letais como a TV e outros drones carregados de coisas que ditam o mercado, despejam sobre mim manipulações midiáticas que são quase impossíveis se desvencilhar, mas estou pronto para as próximas batalhas esperando o embate final que só virá com uma revolução profunda e definitiva”, frase do pensador caipira Lázaro Carneiro. E é com ela que irei seguindo em frente pro resto do dia.

Começo meu dia de maneira inusitada e botando o carro na estrada logo cedo, 7h30, indo até Pederneiras, onde convidado por Maurício dos Passos, assessor parlamentar da Câmara Municipal daquela cidade e provedor da Santa Casa de Misericórdia, prontamente aceito ir tomar um café da manhã, onde seriam apresentadas à cidade as quatro médicas cubanas recém-chegadas à cidade, dentro do projeto Mais Médicos, parceria do Governo Federal com os municípios brasileiros, numa tentativa de tentar resolver um imbróglio antigo e meio que insolúvel, a relação entre os médicos brasileiros e o serviço público. Sem querer generalizar, mas já generalizando, até as pedras do reino mineral sabem que os médicos hoje são os maiores salários dentro das estruturas das Prefeituras municipais e nem isso os contentam, querem mais e mais. Exigem e conseguem o pagamento de horas extras, adicionais e outros quetais, além de uma flexibilidade de horário não permitido a nenhum outro servidor, ou seja, batem cartão (quando o fazem), permanecem pouco tempo diante dos pacientes e batem asas ao bel prazer. Situação mais do que insustentável. Os médicos estrangeiros vieram para chacoalhar o bambuzal da desordem mais que estabelecida.

A grita que ocorre é porque com a vinda dos estrangeiros os privilégios tendem a diminuir e até cessar, ou seja, terão que cumprir os seus horários pré-estabelecidos em contratos, deixarão de ganhar os adicionais e horas extras. O maior problema é esse, a grana que perderão com a chegada dos estrangeiros e mais um pouco, ficarão escancarados para tudo e todos a relação pouco profissional que a maioria pratica quando do exercício de suas funções junto aos órgãos públicos, principalmente no atendimento à população mais carente. Diante disso, vemos gente culta, instruída, bem esclarecida divulgando pela internet montagens bobocas com alguns problemas pontuais ocorridos com os médicos cubanos. Num universo de mais de dez mil profissionais é normal ocorrerem problemas, todos contornáveis e com soluções das mais fáceis. O que precisamos vencer é essa barreira de uma mídia que insiste em continuar metralhando um programa que o povo está adorando, pois está vendo o até então pífio atendimento ser revertido com um atendimento carinhoso, cheio de atenção, dedicação, esmero e o que mais o paciente precisa, uma conversa franca e sem pressa quando um diante do outro, o paciente e o médico. Estão dando um banho no que até então era feito e isso incomoda e muito.

Diante disso aceitei o convite e estive hoje cedo em Pederneiras junto do Maurício dos Passos num café da manhã com as quatro cubanas, todas chegando na véspera do feriado, dia 17/04 e tendo uma recepção diferenciada por parte do poder público. No final de semana foram designadas pessoas para acompanhar as médicas cubanas, apresentando-as a cidade e até algumas cidades da região. A própria Secretária Municipal de Saúde Adriana Leandrin, funcionária de carreira da Saúde Municipal fez questão de acompanha-las em muitos passeios. Uma integração perfeita e hoje uma apresentação formal para as demais autoridades, convidados e a população. A forma buscada de leva-las a um encontro matinal foi uma demonstração bem precisa da importância que o prefeito da cidade, o jovem Daniel Camargo, 32 anos dá para o fato delas quatro chegarem e a partir de alguns dias estarem integradas à sua rede de saúde municipal, hoje composta por 44 médicos. As médicas cubanas terão uma carga horária de 8 horas dia e estarão atendendo em duas das regiões mais carentes da cidade, onde existe uma maior necessidade de uma melhora no atendimento à população.

Conheci as quatro e mais que isso, conversamos sobre Cuba, Brasil, os portunhóis de ambos os lados, o Mais Médicos, expectativas no Brasil e por onde já atuaram fora o Brasil (todas as quatro na Venezuela, época de Hugo Chávez). São elas Adis Yilena Lopez González, da região de Gramma, Damiey Rojas Gutierrez, também de Gramma, Madelay Samiar Castro, de Pilar del Rio e Tania Robaina Lopez, de Havana, a capital. Muito simpáticas e prontas para atuarem junto da população. Estão no Brasil a pouco mais de um mês, acabaram de sair de um intenso curso preparatório sobre as coisas do Brasil e assim como todos os demais profissionais que vieram de fora, a Prefeitura ficará responsável pela moradia e alimentação de todas e o Governo Federal pagará os seus salários. Nessa semana e na próxima estarão fazendo novos cursos para conhecer os seus locais de trabalho, a demanda que cada um possui, terão os primeiros contatos com a clientela que terão diante de si. Por enquanto estão hospedados num hotel na cidade e em breve estarão todas morando juntas num local pago também pela Prefeitura.

O que me salta aos olhos na visita foi que a Prefeitura de Pederneiras não quer esconder as médicas, também não faz alarde sobre a vinda delas, mas as recepciona com a maior dignidade, num ato onde o prefeito esteve presente, ressaltou da importância delas estarem integradas aos problemas da cidade e darem o seu quinhão de conhecimentos para que a cidade supere seus problemas na área médica. Gostei do que presenciei, nada ostensivo, mas algo bem proposital, bem colocado e também caloroso. Não vi isso em Bauru, onde dias atrás tentamos saber o hotel onde os médicos estão hospedados, para um bate papo com eles e nem essa informação nos foi dada, talvez por excesso de zelo. O fato é que elas estão integradas a dra Jackeline, a mais antiga na região, em Agudos, sendo que depois dela mais quatro chegaram por lá, mais cinco em Bauru e agora essas quatro. Que outros mais venham e ajudem esse país a superar a grave crise institucional criada por alguns dos médicos brasileiros, que denigrem a imagem de toda uma categoria. O que o país precisa é de gente em condições de entender as mazelas desse povo com a devida atenção e se só isso já for feito com o devido cuidado e carinho, terão cumprido muito bem a missão a eles designada. Pederneiras está de parabéns pela forma como as recepcionou, fiquei encantado e só tenho elogios para essa revolução que elas vieram fazer no interior desse país tão necessitado de uma desacomodação generalizada.

Em tempo: Quero aqui ressaltar a firmeza do amigo Mauricio dos Passos, que me aparece no evento envergando uma vistosa camiseta vermelha em alusão ao Chávez (uma criação minha diga-se de passagem), num atitude de muita coragem nos dias de hoje, quando a maioria das pessoas desveste suas roupas revolucionárias e até o discurso, tudo em prol de um medo coletivo de se expor diante dos adversários. Maurício continua envergando seus símbolos, fazendo questão de mantê-los no corpo como uma espécie de outdoor ambulante, mostrando a todos de que lado se encontra. Uma valorosa e única pessoa. A revolução interna que cada um precisa fazer consigo mesmo, Maurício demonstra que a faz bem feita, ele e Lázaro Carneiro, meus exemplos de vida. Fiz também questão de ressaltar ao prefeito Daniel, que ele e Ivana Camarinha, que o antecedeu no cargo, possuem um papel crucial na história de Pederneiras, pois enterraram definitivamente um político que possui muita voz ativa junto ao atual governo estadual, mas de concreto mesmo quase nada fez por sua cidade. Não quero nem saber o partido político do atual prefeito, pois todos possuem imensos problemas, o que constato é a forma diferenciada de administrar uma cidade, diria hoje exemplar e por fazerem a cidade toda entender de uma vez por todas quem de fato faz algo por ela e quem enxuga gelo. Pederneiras é um exemplo para todos nós da região.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

ALFINETADA (121)


TEXTOS CRÔNICAS N'0 ALFINETE - SETEMBRO 2001
Mais cinco cronicas de minha autoria publicadas n'O Alfinete, um semanário de Pirajuí SP, ainda nos tempos da direção de Marcelo Pavanato:
Crônica nº 131 - 01/09/2001 - "Dona Cotinha".
Crônica nº 132 - 08/09/2001 - "Drops - Pequenas historietas realmente acontecidas".
Crônica nº 133 - 15/09/2001 - "Falar do quê nesta semana?"
Crônica nº 134 - 22/09/2001 - "Juventude Transviada".
Crônica nº 135 - 29/09/2001 - "O rádio, Tito Madi e José Esmeraldi".